quarta-feira, 30 de novembro de 2016

A tormenta que há em mim


Sou uma sombra do que já fui. Ando de alma adormecida, num estado catatónico, sonhando que sou tudo e na realidade nada sou!

Vivo a sonhar com o desejo esvaecido, de ser desejada e quando o alcanço, questiono a sua veracidade, a sua real presença, acreditando que é mera ilusão e que só existe na minha mente e que é algo projetado, inusitado e que por vezes se reflete numa alma carinhosa, que me concede um momento de ternura.

Se há momentos em que a ilusão me foge toda eu sou racional e a minha procura arrefece, esmorece e descrê no amor eterno.

Eu quero fugir, fugir, fugir!

Busco o isolamento que me vai clarificar as ideias, fugindo do bem, do mal e de mim mesma.

Habitam em mim as sombras da mágoa, a névoa da tristeza, as brumas da carência, os fantasmas da negação num murmúrio incessante e imemorial que se prende nas lianas da memória e que me ditam um destino, que eu sei, me está traçado. Uma solidão anunciada, uns ais que me estão reservados e que me dilaceram o coração e a alma.

Estou exausta de sentimento. Os meus sonhos são quimeras que se desvanecem como um feixe de luz que o sol exala, no seu último suspiro.

Quero cair no esquecimento, afogar as mágoas que me atormentam, levá-las comigo, enterra-las num vazio profundo insondável, imperscrutável, onde ninguém as pode encontrar. Abandoná-las, dotá-las ao desapego de mim.


Quero ser livre sem ter nada a perder. 

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