Sou uma sombra do que já fui. Ando de alma adormecida, num estado catatónico, sonhando que sou tudo e na realidade nada sou!
Vivo
a sonhar com o desejo esvaecido, de ser desejada e quando o alcanço, questiono
a sua veracidade, a sua real presença, acreditando que é mera ilusão e que só
existe na minha mente e que é algo projetado, inusitado e que por vezes se
reflete numa alma carinhosa, que me concede um momento de ternura.
Se
há momentos em que a ilusão me foge toda eu sou racional e a minha procura
arrefece, esmorece e descrê no amor eterno.
Eu
quero fugir, fugir, fugir!
Busco
o isolamento que me vai clarificar as ideias, fugindo do bem, do mal e de mim
mesma.
Habitam
em mim as sombras da mágoa, a névoa da tristeza, as brumas da carência, os
fantasmas da negação num murmúrio incessante e imemorial que se prende nas
lianas da memória e que me ditam um destino, que eu sei, me está traçado. Uma solidão
anunciada, uns ais que me estão reservados e que me dilaceram o coração e a
alma.
Estou
exausta de sentimento. Os meus sonhos são quimeras que se desvanecem como um
feixe de luz que o sol exala, no seu último suspiro.
Quero
cair no esquecimento, afogar as mágoas que me atormentam, levá-las comigo, enterra-las
num vazio profundo insondável, imperscrutável, onde ninguém as pode encontrar. Abandoná-las,
dotá-las ao desapego de mim.
Quero
ser livre sem ter nada a perder.
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