terça-feira, 29 de novembro de 2016

“Langor – estado subtil do desejo amoroso, experimentado na falta deste, sem nenhum querer – possuir.”


À espera que me venhas salvar de mim mesma. Tu, que eu invento no âmago de mim, que conheço como a palma da minha mão, que sei como satisfazer, sei do que precisas e quando precisas. Sei-te de uma forma nossa, intima, inquestionável e inequívoca.

Quero-te com urgência, quero apoderar-me desse teu jeito delicodoce e submeter-te à minha vontade.

Quero sugar-te toda a sensualidade que me mostras quando me olhas com esse teu jeito meigo e afável.

Quero destituir-te do teu tom enigmático e desvendar-te até ao mais ínfimo pormenor.

Quero abalroar as tuas certezas e fazer oscilar a tua segurança.

Quero dissecar-te com palavras, fazer-te elaborar um discurso, entre risos e beijos, fomentar, instigar e arrebatar toda essa sensualidade, desfazendo-te os nós da timidez.

Quero-te como amante intelectual, quero-te como amante de corpo efervescente e de pele que se funde na minha, quero o deleite de entrelaçar os meus dedos nos teus, fustigar-te com carinho, descer ao abismo que há em ti, mergulhar no teu lado sombrio, descortinar os teus pragmatismos, aniquilar afasias indolores num só gesto, quero enlear a minha alma na tua no mais puro ato de fé e devoção.

O teu nome é o perfume exalado em mim, o teu brilho é a estrela que me guia, a tua ausência é ardência em mim.

Quero-te, Zi. A ti e só a ti.

Quero-te uma e outra vez. Quero purgar este langor em que me prendes e suprimi-lo nos gestos angulosos do teu corpo.

Quero sussurrar aquilo que mais gostas de ouvir.

Quero semear em ti, o que há de bom em mim.

Quero que as tuas partidas tenham em mim, todas as chegadas para que juntas, possamos percorrer todas as ruas antigas da cidade, entrelaçando os dedos e demonstrando ao mundo o nosso amor, a nossa empatia e cumplicidade.

Quero pavonear-me contigo, quero que nos olhem e nos detetem a felicidade que, juntas arrastamos por onde passamos.

Quero repetir o amor que fazemos, as horas que inventamos, o brilho que polimos em nós, os gestos de quem se abandona ao afeto e cultiva afeto.

A tua ausência é o tempo em que te espero.


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