À
espera que me venhas salvar de mim mesma. Tu, que eu invento no âmago de mim,
que conheço como a palma da minha mão, que sei como satisfazer, sei do que
precisas e quando precisas. Sei-te de uma forma nossa, intima, inquestionável e
inequívoca.
Quero-te
com urgência, quero apoderar-me desse teu jeito delicodoce e submeter-te à minha
vontade.
Quero
sugar-te toda a sensualidade que me mostras quando me olhas com esse teu jeito
meigo e afável.
Quero
destituir-te do teu tom enigmático e desvendar-te até ao mais ínfimo pormenor.
Quero
abalroar as tuas certezas e fazer oscilar a tua segurança.
Quero
dissecar-te com palavras, fazer-te elaborar um discurso, entre risos e beijos,
fomentar, instigar e arrebatar toda essa sensualidade, desfazendo-te os nós da
timidez.
Quero-te
como amante intelectual, quero-te como amante de corpo efervescente e de pele
que se funde na minha, quero o deleite de entrelaçar os meus dedos nos teus,
fustigar-te com carinho, descer ao abismo que há em ti, mergulhar no teu lado
sombrio, descortinar os teus pragmatismos, aniquilar afasias indolores num só
gesto, quero enlear a minha alma na tua no mais puro ato de fé e devoção.
O
teu nome é o perfume exalado em mim, o teu brilho é a estrela que me guia, a
tua ausência é ardência em mim.
Quero-te, Zi. A ti e só a ti.
Quero-te
uma e outra vez. Quero purgar este langor em que me prendes e suprimi-lo nos
gestos angulosos do teu corpo.
Quero
sussurrar aquilo que mais gostas de ouvir.
Quero
semear em ti, o que há de bom em mim.
Quero
que as tuas partidas tenham em mim, todas as chegadas para que juntas, possamos
percorrer todas as ruas antigas da cidade, entrelaçando os dedos e demonstrando
ao mundo o nosso amor, a nossa empatia e cumplicidade.
Quero
pavonear-me contigo, quero que nos olhem e nos detetem a felicidade que, juntas
arrastamos por onde passamos.
Quero
repetir o amor que fazemos, as horas que inventamos, o brilho que polimos em
nós, os gestos de quem se abandona ao afeto e cultiva afeto.
A tua
ausência é o tempo em que te espero.
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