segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Fascínio irresistível

Apaixono-me com facilidade, fui sempre assim e não consigo evitá-lo. Apaixono-me por cores, por sapatos, por perfumes, por gatos, por cães, por pessoas, por intelectos, por objetos, por livros, por palavras, por músicas…

Hoje apaixonei-me.

Apaixonei-me por uma pele branca, nívea, enfeitada de forma muito natural por umas sardas, simetricamente colocadas. Uma pele maravilhosa, sem a mínima imperfeição. Um quadro perfeito, sob uma exatidão luminosa, avassaladora.

Não conseguia desviar o olhar, sentia-me como se tivesse que me despedir das cores da Primavera, sabendo que ela não mais voltaria.

Rondei, observei de todas as perspetivas possíveis, senti-lhe o perfume (quase me arrancou a alma de tão aprazível) e desejei mais...

Aproximei-me e num impulso vigoroso, meti conversa.

Fui bem acolhida, e de imediato despoletei sorrisos e que sorriso! Que dentes brancos como a neve! E os olhos?! Inacreditável! Como pode sobejar tanta beleza numa só pessoa?!

Olhos cinza claros, intensos, eles próprios pincelados com uma pinta aqui e outra ali, duas janelas para um universo privado e incomensurável no qual desejei mergulhar sem restrições.

E a voz?! Que voz firme e bem colocada, sem pronúncia (a do norte), elaborada, cadenciada, lasciva…

Que feições perfeitas, que ar tão arrebatador, toda a sua figura exala um tom pacifico, acolhedor, delicado, uma simpatia inata e expectável. 

(a primeira letra do seu nome) A. é mais uma pessoa bonita por dentro e por fora, um daqueles seres muito raros que nos encantam e se deixam encantar por nós.
E guardo tudo isto e muito mais, na penumbra obtusa do meu pensamento e fascinada, dou largas à imaginação, colecionando paixões platónicas, fantasmas que me deixam acordada a ruminar sentimentos infernais.


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