Apaixono-me
com facilidade, fui sempre assim e não consigo evitá-lo. Apaixono-me por cores,
por sapatos, por perfumes, por gatos, por cães, por pessoas, por intelectos,
por objetos, por livros, por palavras, por músicas…
Hoje
apaixonei-me.
Apaixonei-me
por uma pele branca, nívea, enfeitada de forma muito natural por umas sardas, simetricamente
colocadas. Uma pele maravilhosa, sem a mínima imperfeição. Um quadro perfeito,
sob uma exatidão luminosa, avassaladora.
Não
conseguia desviar o olhar, sentia-me como se tivesse que me despedir das cores
da Primavera, sabendo que ela não mais voltaria.
Rondei,
observei de todas as perspetivas possíveis, senti-lhe o perfume (quase me
arrancou a alma de tão aprazível) e desejei mais...
Aproximei-me
e num impulso vigoroso, meti conversa.
Fui
bem acolhida, e de imediato despoletei sorrisos e que sorriso! Que dentes
brancos como a neve! E os olhos?! Inacreditável! Como pode sobejar tanta beleza
numa só pessoa?!
Olhos
cinza claros, intensos, eles próprios pincelados com uma pinta aqui e outra
ali, duas janelas para um universo privado e incomensurável no qual desejei
mergulhar sem restrições.
E
a voz?! Que voz firme e bem colocada, sem pronúncia (a do norte), elaborada,
cadenciada, lasciva…
Que
feições perfeitas, que ar tão arrebatador, toda a sua figura exala um tom
pacifico, acolhedor, delicado, uma simpatia inata e expectável.
(a primeira letra do seu
nome) A. é mais uma pessoa bonita por dentro e por fora, um daqueles seres muito
raros que nos encantam e se deixam encantar por nós.
E
guardo tudo isto e muito mais, na penumbra obtusa do meu pensamento e
fascinada, dou largas à imaginação, colecionando paixões platónicas, fantasmas
que me deixam acordada a ruminar sentimentos infernais.
Sem comentários:
Enviar um comentário